Causas

 As informações destinadas a pacientes e seus familiares foram traduzidas do site www.neurosymptoms.org por Bruna Bartorelli mediante autorização de seu organizador, Professor Jon Stone, neurologista especialista em transtornos neurológicos funcionais da Universidade de Edimburgo, Escócia.

Como fiquei assim ?

É natural se perguntar: “Como é que isso aconteceu comigo?”.

Mas é importante não confundir a pergunta “Por que isso aconteceu?” com a pergunta “O que está acontecendo de errado no meu corpo para causar esses sintomas?”.

Estas são duas questões distintas que têm duas respostas diferentes.

Como é que isto aconteceu?

Vamos tratar primeiro da segunda questão: “O que está acontecendo de errado no meu corpo para causar estes sintomas?” ou “Como é que esses sintomas estão aparecendo em mim?”.

Para todos os sintomas funcionais descritos neste site, a resposta básica é que existe um problema com a função do sistema nervoso.

Para sintomas como fraqueza (paresia ou déficit motor) e transtornos do movimento, há um problema com o modo como o cérebro envia mensagens para o corpo.

Para sintomas como formigamento e dor, há um problema com a forma como o cérebro recebe as mensagens do corpo.

Durante crises convulsivas dissociativas ou sintomas conversivos, o cérebro está em estado de transe, um pouco como nos estados de hipnose.

Agora é que começamos a compreender a complexidade dos processos do sistema nervoso e de que forma eles podem estar alterados em pacientes com sintomas neurológicos funcionais, especialmente na dor crônica.

Exames funcionais do cérebro identificam as partes do cérebro que estão ativas ou hipoativas quando os pacientes apresentam esses sintomas. A figura ao lado, por exemplo, mostra as alterações no cérebro em pacientes com fraqueza/déficit motor funcional.

Na dor crônica, sabemos que muitas mudanças acontecem no sistema nervoso que não podem ser observadas nos exames convencionais. Essas mudanças ocorrem nas terminações nervosas, na medula espinhal e, provavelmente, mais importante, ainda no cérebro.

Existe uma série de processos no sistema nervoso que se comportam como pequenos botões de volume. Quando alguém apresenta dor crônica, esses pequenos botões de volume se encontram aumentados, elevando a sensibilidade da pessoa à dor.

Há muita coisa que ainda não sabemos sobre o que não está funcionando corretamente no sistema nervoso para causar os sintomas funcionais, mas esse tema já não é um total mistério.

Em muitos outros transtornos neurológicos, conseguimos detectar o problema com exames convencionais, como, por exemplo, ressonância magnética cerebral na esclerose múltipla ou exames histológicos com microscópio na doença de Parkinson.

Os pacientes com sintomas funcionais não apresentam danos no sistema nervoso, portanto não é surpreendente que eles não sejam detectados nos exames. Mesmo assim, o sistema nervoso não está funcionando corretamente.

Se o paciente fosse um computador, seria como ter um problema de software, sem que houvesse um problema de hardware. Se tiver um vírus afetando o software no seu computador, este pode continuar trabalhando, mas muito devagar ou ocasionando erros. Esse problema não se resolveria abrindo o computador e observando seus componentes. Se fizesse um raio-X desse computador também não daria para ver nada de errado.

Para consertá-lo, o computador teria que ser reprogramado, a fim de descobrir quais os programas que estavam causando o problema.

Os seres humanos são obviamente mais complicados que os computadores. Os nossos pensamentos, comportamentos, sensações e emoções são os nossos programas.

Isso nos leva à próxima seção, que descreve o modo como alguém pode se tornar vulnerável ao desenvolvimento de sintomas funcionais.