Orientações para pacientes e familiares
As informações destinadas a pacientes e seus familiares foram traduzidas do site www.neurosymptoms.org por Bruna Bartorelli mediante autorização de seu organizador, Professor Jon Stone, neurologista especialista em transtornos neurológicos funcionais da Universidade de Edimburgo, Escócia.
Tremor Funcional
É o tipo mais comum de transtornos funcionais do movimento. Nele, há um tremor incontrolável de uma parte do corpo, (em geral, do braço ou da perna). Isso acontece porque o sistema nervoso não está funcionando corretamente, mesmo sem apresentar algum transtorno neurológico subjacente.
Esse tipo de tremor às vezes pode ser confundido com doença de Parkinson ou outras causas de tremor, como o “tremor essencial”. Porém, ao contrário do Parkinson, o tremor funcional ocorre por conta de um problema reversível na forma como o sistema nervoso funciona, o que significa que ele pode melhorar e, por vezes, até desaparecer completamente, apesar de não existir um “tratamento mágico”.
Quais são os sintomas de tremor funcional?
Um tremor é um movimento rítmico de um braço, uma perna ou outra parte do corpo, como a cabeça. O tremor funcional pode aparecer ou desaparecer durante o dia e, às vezes, pode ser mais intenso ou alterar a sua velocidade.
O tremor funcional pode ser incapacitante, uma vez que os movimentos não podem ser controlados (já que são involuntários). Ele em geral surge subitamente, mas também pode ser gradual e relativo a uma das seguintes situações:
2. Após um problema relacionado com a saúde, como, por exemplo,
a. efeito colateral de uma medicação
b. síncope com movimentos convulsivos
c. uma infecção que tenha causado febres altas e tremores
3. Depois de um “susto” ou um ataque de pânico
4. Como sintoma de “dissociação”, o que pode ocorrer sem quaisquer sinais de medo
5. Uma causa adicional leve de tremor, tal como “tremor essencial”, que é amplificada pela existência de tremor funcional.
Como o diagnóstico é feito?
O diagnóstico de tremor funcional geralmente é feito por um neurologista. Ele é particularmente complexo porque requer a experiência de um especialista que conheça a grande variedade de tremores decorrentes de transtornos neurológicos.
A seguir, alguns exemplos de sintomas nos quais um neurologista deve focar quando diagnostica um tremor funcional:
1. Tremor que desaparece transitoriamente ou altera o seu ritmo quando o paciente tenta imitar movimentos com a perna ou o braço, chamado de “entrainment test”
2. Dificuldade em executar movimentos rítmicos com a mão (ou a perna) boa
3. Momentos em que o tremor não se manifesta
4. Frequência variável
5. Quando o tremor se agrava se alguém tenta segurar o membro que está tremendo
Estou inventando?
A resposta é “não”, mas clique em ‘Será que estou inventando‘ para saber mais.
Qual é o tratamento?
Dê uma olhada na página tratamento deste site.
Esse diagnóstico é confiável?
É importante que você acredite que o seu diagnóstico está correto. Se isso não acontecer, será difícil pôr em prática as técnicas de reabilitação sugeridas.
Se não sentir que o seu tremor é funcional, é preciso procurar saber qual é a base diagnóstica na qual o diagnóstico foi feito. Algumas das condições descritas acima precisarão ser preenchidas.
Não precisa ficar estressado por ter um tremor funcional. De fato, ele é notado com mais frequência quando as pessoas estão relaxadas ou não estão pensando especificamente nesse problema. Por vezes, o médico pergunta se o problema está “relacionado com o estresse”. Nós sabemos que muitos pacientes com tremor funcional não têm estresse que esteja causando os seus sintomas. Assim, o fato de estar estressado ou não é irrelevante para o diagnóstico.
Técnicas específicas de fisioterapia
Todas elas precisam ser praticadas constantemente, mesmo que pareçam impossíveis ou difíceis de serem executadas. O que acontece é que com isso você estará quebrando um “hábito” do cérebro, o que não é simples de se reverter de forma rápida.
1. Tente induzir um tremor voluntário em sobreposição ao seu tremor, por exemplo, movendo o braço como se você fosse um maestro. Gradualmente, vá mudando os movimentos para mais amplos ou mais lentos. O seu tremor para por breves momentos quando faz esses movimentos? Continue praticando para ter uma ideia se isso melhora o seu tremor.
2. Veja se consegue “interferir” no ritmo do seu tremor funcional fazendo um movimento rítmico com a sua perna ou braço que não treme. Peça a um amigo para bater os dedos numa mesa, por exemplo, e tente copiar. O seu amigo deve começar com um ritmo estável e em seguida acelerar ou diminuir o ritmo. Se o ritmo do seu tremor funcional for alterado de acordo com esse ritmo “externo”, tente diminuir gradualmente esse ritmo externo até perceber que talvez o seu tremor desapareça simultaneamente.
Veja, por favor, os vídeos abaixo para ter uma ideia desse tipo de exercício.
Roper et al. How to use the entrainment test in the diagnosis of functional tremor. Pract Neurol 2013;13:396-398
3. Aprenda a contrair e relaxar os músculos. O tremor funcional às vezes surge porque a pessoa está contraindo todos os músculos do braço ou da perna simultaneamente. Aprender uma técnica chamada “relaxamento muscular progressivo” pode te ajudar a ter mais controle da sua própria tensão.
4. Olhe para um espelho enquanto tenta fazer o exercício. Isso pode ajudar o seu cérebro entender o que está fazendo de errado.
5. Se as suas pernas “balançam” quando você está sentado, experimente manter o pé pousado no chão durante o máximo de tempo que conseguir. Pode ser difícil no início, mas faz o seu cérebro se lembrar de que essa é a posição normal. Tente bater com o pé sem tremor no solo – o ideal é copiar alguém que também varie o ritmo do movimento com você. Sentar-se de forma diferente e posicionar o seu peso de maneira distinta também são bons exercícios.
Outros tratamentos
Veja a página tratamento para descobrir mais sobre tratamentos específicos relevantes no seu caso.
O tremor funcional, em alguns pacientes, pode estar especialmente relacionado à ansiedade.Porém muitos pacientes com tremor funcional não têm ansiedade, mas, se tiver, é importante encarar esse problema de frente e procurar tratamento para controlar a sua preocupação excessiva.
Alguns pacientes reportam que os episódios de tremor surgem em momentos de maior tensão ou com sintomas de lipotimia (“quase desmaio”).
Hipnose
Pode ser útil para alguns pacientes.