Quando o maltratado retorna à superfície: sintomas e oralidade nos transtornos somatoformes.

Por Júlia Catani

Neste primeiro momento, gostaria de retomar o título deste trabalho, mas a partir de uma circunscrição específica e limitar a reflexão a: “quando o maltratado retorna à superfície”. Trata-se de uma proposta de configurar o maltratado, por duas vias:

a primeira, quando um ou mais sintomas não foram elaborados na infância e retornam na idade adulta por meio de condensação e deslocamento;

e uma segunda possibilidade que seria a do individuo que sofreu violência, agressão e privação, e portanto, um sujeito que foi maltratado.

Estas questões remetem justamente à historia de vida de muitos pacientes diagnosticados pela psiquiatria com Transtornos Somatoformes (TS), caracterizam-se por queixas físicas que não podem ser totalmente explicadas por uma condição médica geral ou qualquer outro transtorno psiquiátrico.

O grupo é bastante heterogêneo do ponto de vista psicopatológico e etiológico, uma vez que o critério básico para seu agrupamento no DSM-IV (2000) é a presença de queixas físicas como principal sintoma. Para o diagnóstico, faz-se necessária a exclusão de doenças orgânicas, ou seja, qualquer condição médica não considerada neurológica ou psiquiátrica.

Nesses transtornos, os sintomas devem causar sofrimento significativo ou prejuízo no funcionamento social, ocupacional ou em outras áreas importantes. De acordo com a CID-10 (1992), os TS consistem nas repetições de sintomas físicos associados à busca incessante de cuidados médicos.

Ao se fazer uma escuta mais apurada, é possível perceber neste tipo de pacientes a repetição de algumas características na vida destes, dentre elas, dificuldades econômicas, violência física e/ou verbal e privação de afeto. Ao que tudo indica estes fatores estariam presentes desde cedo na vida destes pacientes e permaneceriam por muitos anos na infância, bem como, na idade adulta e possivelmente contribuiriam muito na participação dos sintomas e na maneira como aqueles sujeitos se organizam e estruturam a sua subjetividade.

Leia o artigo na íntegra:


Júlia Catani

Psicóloga e Psicanalista

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