Tratamentos
As informações destinadas a pacientes e seus familiares foram traduzidas do site www.neurosymptoms.org por Bruna Bartorelli mediante autorização de seu organizador, Professor Jon Stone, neurologista especialista em transtornos neurológicos funcionais da Universidade de Edimburgo, Escócia.
“Já tentei de tudo, mas nada me ajuda”
Se já tentou de tudo o que foi proposto neste site e meses depois não melhorou, o que pode ser feito agora?
Nem todos os pacientes com sintomas funcionais e dissociativos melhoram.
Algumas pessoas têm uma vulnerabilidade maior e persistente a toda uma variedade de sintomas funcionais. Parece que, assim que um sintoma melhora, outro novo aparece para substituir o anterior. Essa situação pode ser particularmente desmotivadora para a pessoa. Com frequência, ela começa a se sentir hipocondríaca porque está sempre indo ao médico e os exames geralmente são normais.
Se o seu médico e os outros profissionais de saúde tentaram o seu melhor e você, na condição de paciente, também tentou o seu melhor, então os seus sintomas poderão ser crônicos e provavelmente você terá que aprender a viver com eles.
Isso não significa que os sintomas serão permanentes. À medida que se envelhece, eles podem desaparecer.
Para os médicos isso pode ser difícil de explicar. Às vezes, eles acham que, porque não há danos, os pacientes devem melhorar. Isso não é sempre verdade.
Não se sinta culpado por ainda não ter conseguido uma melhora. Você pode combinar com o seu médico consultas periódicas para ir monitorizando a situação. Pode ser importante, por exemplo, otimizar a medicação e monitorar a sua sensação de bem-estar geral.
Numa minoria de pacientes (menos de 5%), a razão pela qual eles não melhoraram está relacionada com o fato de o diagnóstico estar incorreto. Embora às vezes seja importante revê-lo, para a grande maioria dos pacientes tentativas repetidas e frustradas de obter um diagnóstico alternativo, quando já têm um diagnóstico correto de um transtorno funcional, também pode ser prejudicial. Para muitas pessoas, esses exames ou consultas frequentes são uma das razões pelas quais elas não melhoraram. É compreensível que os pacientes sintam que o sintoma deve ser causado por uma doença como a esclerose múltipla ou o Parkinson, especialmente por serem doenças das quais todos já ouvimos falar. Mas como é possível melhorar de algo quando não se tem confiança de que o diagnóstico está correto?
É nesse momento que é importante que o seu médico possa explicar como o diagnóstico foi feito. Ele deve ser feito com base em características positivas dos sintomas típicos de sintomas funcionais ou dissociativos. Leia a página sobre diagnóstico incorreto se quiser saber mais sobre isso.
Fisioterapia
Todos estes exercícios precisam ser praticados repetidamente – muitos deles parecerão difíceis ou mesmo impossíveis no começo, pois você está tentando quebrar um “hábito” do seu cérebro, o que não é fácil de fazer.
1. Tente simular um tremor voluntário “por cima” do seu tremor existente (em sobreposição), talvez simulando com um braço o movimento de um maestro de uma orquestra. Em seguida, mude-os para movimentos mais amplos e lentos e termine. O seu tremor funcional parou rapidamente quando fez isso? Continue a praticar para ver se isso ajuda a ter um maior controle sobre o tremor.
2. Veja se você consegue “interferir” no ritmo do seu tremor funcional fazendo um movimento rítmico com o braço ou a perna “boa”. Peça a um amigo para fazer um movimento de bater os dedos/perna que você tenha que copiar. O amigo deve começar com um ritmo constante, mas depois acelerá-lo e desacelerá-lo, o que se tornará mais difícil de acompanhar. Se o ritmo do tremor funcional mudar dependendo desse ritmo “externo”, então veja se é possível diminuir o ritmo externo até que o tremor pare.
3. Aprender a contrair e relaxar os músculos. O tremor funcional geralmente ocorre porque o paciente está contraindo todos os músculos do braço ou da perna de uma só vez. Aprender uma técnica chamada relaxamento muscular progressivo pode te ajudar a ter mais controle sobre a contração muscular.
4. Olhe para um espelho ao tentar implementar essas técnicas. Isso pode ajudar o seu cérebro a aprender onde é que a interpretação ficou equivocada.
5. Se a sua perna continuar a “saltar” quando você estiver sentado, pratique manter o pé no chão durante o maior período de tempo que conseguir. Pode parecer estranho no início, mas irá ajudar.
Pode ainda valer a pena tentar a hipnose. Às vezes, sob hipnose, o tremor melhora, e você pode inclusive aprender hipnose para praticar em casa.
Associação com ansiedade
O tremor funcional pode, em alguns pacientes, estar especialmente relacionado com a ansiedade.
Frequentemente, o tremor está associado a sentimentos de ansiedade. “O que as pessoas vão pensar de mim? Vou começar a tremer todo? Vai ser muito desagradável?” Estes são pensamentos de alguém ansioso.
Muitos pacientes com tremor funcional não têm ansiedade, mas, caso tenham, pode ser importante enfrentar esse problema e procurar tratamento específico direcionado a controlar essa preocupação excessiva.
Alguns pacientes contam que os episódios de tremor acontecem para se “libertarem” de um acúmulo de sintomas difíceis de descrever, como tensão ou tontura sem explicação. Na realidade, eles não querem que o tremor aconteça, mas reconhecem que, quando isso ocorre (se acontecer por “episódios”), parece que diminui a sensação que estavam vivenciando. Se isso se aplica a você, pode ser importante discutir isso com o seu profissional de saúde.