Interconsulta no paciente com transtorno factício e transtornos somáticos

Por Bruna Bartorelli e Eduardo Genaro Mutarelli.



Sumário  

  • Introdução 

  • Aspectos epidemiológicos 

  • Etiopatogenia (fatores de risco, mecanismos fisiopatológicos) Quadro clínico 

  • Transtorno factício autoimposto 

  • Síndrome de Munchausen 

  • Transtorno factício imposto a outro (por procuração) 

  • Diagnóstico 

  • Semiotécnica 

  • Diagnóstico diferencial 

  • Tratamento 

  • Considerações finais 

  • Vinheta clínica 

  • Para aprofundamento 

  • Referências bibliográficas 

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Introdução - Transtorno no Factício

A partir de 2013, com a publicação do DSM-5, o transtorno no factício (TF) passou a fazer parte do grupo dos transtornos somáticos e transtornos relacionados, que englobam os seguintes diagnósticos:

  • transtorno de sintomas somáticos,

  • transtorno conversivo (de sintomas neurológicos funcionais),

  • transtorno de ansiedade de doença,

  • fatores psicológicos que afetam outras condições médicas,

  • transtorno factício autoimposto e

  • transtorno no factício imposto a outro.

O principal critério para o agrupamento destas condições é a presença de sintomas somáticos importantes que levam a prejuízo e sofrimento significativos. Neste capítulo abordaremos mais detalhadamente o transtorno factício versus os outros transtornos somáticos agrupados. O detalhamento de cada transtorno somático estará contemplado em um capítulo à parte. 

A diferença entre TF e os outros diagnósticos

A diferença entre TF e os outros diagnósticos deste grupo é que no primeiro caso os sintomas são intencionalmente provocados e nos transtornos somáticos os sintomas são manifestações inconscientes de conflitos psíquicos. Em ambas as situações a intensidade e duração dos sintomas causa prejuízos significativos nas esferas funcionais dos pacientes.  

Pacientes com transtornos somáticos e TF tendem a procurar serviços de saúde com frequência muito alta, demandando atendimento médico constante em inúmeros serviços e especialidades. O termo doctor shopping aplica-se a este comportamento contínuo de busca por cuidados médicos com realização de investigação diagnóstica, tratamentos e procedi mentos muitas vezes desnecessários e dispendiosos.  

Frequentemente o interconsultor psiquiatra é chamado para avaliar estes pacientes devido a dificuldades inerentes a estes tipos de diagnósticos, como comportamento conflituoso  com equipe médica e de enfermagem, falta de resposta ao tratamento, sintomas incongruentes com achados de exames ou  patologia de base.

Normalmente há a expectativa de que o psiquiatra possa concluir o diagnóstico em uma avaliação e assumir o paciente integralmente. A tendência nestes casos é dar alta da clínica de origem e encaminhar para seguimento psiquiátrico devido às dificuldades e frustrações no tratamento  destas patologias. 

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Referencia:

Bartorelli B, Mutarelli EG. Interconsulta no paciente com transtorno factício e transtornos somáticos. “In”: Euripedes Constantino Miguel, Beny Lafer, Helio Elkis, Orestes Vicente Forlenza. Clínica psiquiátrica. – volume 2 – Ensino em psiquiatria. 2ª edição - Santana de Parnaíba [SP]: Manole, 2020. Pg 886 – 898.

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