Tratamento dos transtornos dissociativos, somáticos e relacionados

Por: Bruna Bartorelli, Abigail Betbedé, Caio Mayrink, Edson Rodrigues Neto , Marina Pikman.



Sumário  

  • Introdução 

  • Aspectos gerais 

  • Psicanálise e o tratamento de transtornos somáticos 

  • Transtornos dissociativos 

  • Transtorno dissociativo de identidade 

  • Amnésia dissociativa 

  • Transtorno de despersonalização/desrealização 

  • Transtorno de sintomas somáticos 

  • Transtorno conversivo (transtorno de sintomas neurológicos  funcionais)  

  • Transtorno de ansiedade de doença 

  • Transtorno factício 

  • Considerações finais 

  • Vinheta clínica  

  • Para aprofundamento  

  • Referências bibliográficas 



INTRODUÇÃO  

Os transtornos somáticos são especialmente difíceis de tratar e há poucos serviços especializados no Brasil que se dedicam a acompanhar e estudar essas patologias. Muitos pacientes ficam rodando em diversos especialistas sem receber um diagnóstico correto e, mesmo após serem diagnosticados, não têm um lugar onde são acolhidos, uma vez que resistem a fazer acompanhamento psiquiátrico e são despachados das outras especialidades assim que é feito o diagnóstico de transtorno somático ou factício.

Acabam por repetir o mesmo processo em vários serviços sem receber tratamento adequado. Não há consenso ou guidelines quanto ao tratamento ideal, mas o primeiro objetivo deve ser o de preservar a integridade física e psicológica do paciente, protegendo-o de procedimentos desnecessários e potencialmente iatrogênicos, assim como o uso excessivo de medicamentos e lesões irreversíveis por desuso nos casos graves de queixas dolorosas ou quadros conversivos motores.

Quanto mais precoce o diagnóstico, melhores são as chances de evolução mais favorável.



Recuperação da autonomia, funcionalidade e qualidade de vida.

A remissão dos sintomas não deve ser o foco inicial do tratamento, e sim a recuperação da autonomia, funcionalidade e qualidade de vida. No início, costuma haver uma forte oposição do paciente ao encaminhamento para o psiquiatra e à ideia de que questões emocionais possam ter qualquer papel no quadro.

Geralmente a demanda envolve resolução imediata dos sintomas com alguma medicação, e qualquer proposta de psicoterapia, fisioterapia e grupos de apoio é rechaçada com a justificativa de que a dor, paralisia, cegueira etc. são impeditivos para tal. Então temos o segundo e o terceiro objetivos do tratamento: engajar o paciente e família no atendimento, melhorar funcionalidade e autonomia.  

Tratamento

Idealmente, o tratamento envolve equipe interdisciplinar composta por psiquiatra, psicólogo, fisioterapeuta, enfermeiro e terapeuta ocupacional. A comunicação entre os profissionais envolvidos é fundamental para alinhar as condutas pertinentes para cada caso e evitar manipulações por parte dos pacientes e familiares. Pode parecer repetitiva a menção a familiares, mas nossa experiência mostra que é muito frequente uma relação de interdependência entre paciente e cuidador e que se os familiares não são envolvidos no tratamento a resposta é pior.  

Para saber mais, compre o livro Clínica Psiquiátrica.

SINOPSE

Clínica Psiquiátrica 2ª edição traz a visão do Departamento e do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
O volume 1 discute fundamentos, limites e interfaces, modelos de assistência, ensino, pesquisa e bases etiológicas em psiquiatria. Aborda também aspectos éticos e psiquiatria forense.


Referencia:

Bartorelli B, Betbede A, Mayrink C. Rodrigues Neto E, Pickman M. Tratamento dos transtornos dissiciativos, somáticos e relacionados. “In”: Euripedes Constantino Miguel, Beny Lafer, Helio Elkis, Orestes Vicente Forlenza. Clínica psiquiátrica. – volume 3 – Abordagem terapêutica das principais síndromes psiquiátricas. 2ª edição - Santana de Parnaíba [SP]: Manole, 2020. Pg 1166 – 1175.

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